21 junho 2012

A importância da Respiração no Pilates



O Método Pilates já nasceu com uma relação muito estreita com o tema respiração. Seu criador, o Joseph Hubertus Pilates, foi uma criança raquítica e asmática e passou uma vida inteira pesquisando atividades físicas que melhorassem sua função respiratória e por conseqüência o desenvolvimento corporal. Um apaixonado pelo movimento, Joseph Pilates foi buscar informações que muito contribuíram para o que hoje conhecemos como seu método, em atividades como Yoga e nas diversas modalidades de lutas (Wrestling). Além disso, ele foi artista de circo, pára-quedista e esquiador. O resultado disso? Sucesso no seu objetivo. Joe, como era chamado por seus amigos, provou no próprio corpo que seu método era eficiente e quando adulto tornou-se modelo para aulas de anatomia.
O Método Pilates vem demonstrando na prática, ao longo dos seus quase cem anos de existência, que otimiza a respiração e potencializa a capacidade respiratória.
A respiração é mais freqüentemente automática e inconsciente, mas também pode ser um ato voluntário e consciente. Ela influencia e é influenciada por nossas ações e emoções. Ela ocorre nas vísceras, mas envolve também músculos, ossos e articulações. O primeiro objetivo da respiração é a troca de gases: O2 e CO2. Em parceria com o sistema circulatório, ela leva oxigênio para as células dos diferentes tecidos do corpo e elimina o dejeto produzido por este funcionamento: o gás carbônico. Mas existem muitos outros objetivos que não estão necessariamente ligados a oxigenação, como por exemplo, organizar o corpo quando nos movemos, otimizar a postura, a emissão da voz quando cantamos ou falamos, promover relaxamento ou tensão e força.
É importante conhecer um pouco as estruturas que participam da respiração e as formas diferentes de respirar que possuímos. Quanto mais clara é a prática do ato respiratório, melhor será a compreensão que teremos do porque respiramos espontaneamente de um modo em determinado momento e por que podemos escolher conscientemente outro modo para atingirmos determinado objetivo. 
O principal músculo da inspiração, ou seja, da entrada do ar, é o diafragma. Este se conecta com a coluna em diversos pontos, desde bem alto no tronco até a base, contribuindo inclusive com o movimento do assoalho pélvico. Além disso, o diafragma se relaciona com músculos abdominais e órgãos internos, além de influenciar outros sistemas como nervoso e circulatório. Uma respiração otimizada mobiliza as costelas que por sua vez se conectam com a coluna vertebral na região do tórax, provocando a mobilização do sistema nervoso autônomo que ali se encontra descansando, e que dentre suas atividades, é responsável pela digestão, reprodução, sono e relaxamento. Um diafragma inibido ou que não funciona bem pode afetar todos estes sistemas e contribuir para disfunções diversas, como por exemplo, dores nas costas, má postura, dificuldades com o sono ou defecação, má digestão, irritabilidade, cansaço e até mesmo depressão.
A respiração normalmente se distribui em três planos principais: anterior-posterior, lateral e superior-inferior. Normalmente, com o Pilates, buscamos um equilíbrio destes três planos respiratórios. Nenhuma destas respirações é a correta, nem totalmente nociva ou boa; precisamos saber equilibrá-las, otimizá-las e diferenciá-las, desenvolvendo a consciência do momento em que de cada uma delas é mais indicada ou necessária.
A respiração pode ser enfatizada como instrumento para atingir qualidade na execução dos movimentos. O contrário também acontece, pois movimentos adequados com a região do tronco estimulam e ampliam a entrada e saída de ar dos pulmões. Um exemplo claro e muito útil disso é o de curvar a coluna para frente (flexão) ou para cima e para trás (extensão) usando a expiração ou a inspiração respectivamente, como ferramenta para facilitar estes movimentos. Quando expiramos com mais força e colocamos as mãos na barriga, sentimos a ação dos músculos abdominais, que são os músculos que nos curvam para frente. A expiração facilita a mobilização da coluna em flexão e por isso expiramos quando queremos subir o tronco da posição deitado para sentado num exercício abdominal, por exemplo. Desta forma estaremos economizando gasto energético e sendo mais eficientes na execução do exercício. Por outro lado, se estamos sentados ou de pé e inspiramos profundamente, sentimos o peito subir e a coluna iniciar um arco para cima e para trás. Assim, quando alguém possui dificuldades em abrir o peito ou fazer a extensão de coluna, podemos ajudar estes movimentos usando a inspiração profunda. 
Os fumantes ou as grávidas no terceiro trimestre da gestação com freqüência têm sua capacidade respiratória diminuída. Normalmente utilizam mais a respiração superior, subindo o peito e muitas vezes, os ombros. Essa respiração que denominamos de acessória, normalmente é utilizada em casos extremos, quando este meio litro de ar se torna fundamental para atingir o objetivo pontual, a exemplo de um final de corrida. Quando ela passa a ser a respiração principal, ela sobrecarrega os músculos do pescoço, que aumentam de volume e comprimem nervos e artérias que passam por entre eles e seguem para alimentar os braços. Quando isso ocorre, pode provocar dor e perda de força dos membros superiores, além de inibir o diafragma e prejudicar a postura em geral. A troca de gases (Co2 e O2) neste caso, também torna-se ineficiente.
Já uma respiração profunda ou forçada, utilizada como ferramenta para facilitar a execução de diversos exercícios de Pilates e que pode ser também provocada por estes movimentos, otimiza essa troca de gases e é um excelente treino para os abdominais. Quando bem desenvolvida, ela explora movimentos laterais, inferiores e posteriores desta “cesta” torácica formada por nossas costelas, a coluna e o osso externo na parte anterior. Quando esta  troca é mais eficiente, o resultado é uma melhora do humor, da imunidade, da saúde dos mais diversos tecidos corporais, diminuindo a depressão a irritação e o cansaço, tão comuns nos que utilizam a respiração acessória como fonte principal.
É possível através do Pilates, devolver aos sedentários, fumantes e ex-fumantes, gestantes do terceiro trimestre e tantas outras pessoas que com freqüência não respiram de forma eficaz, uma organização corporal mais eficiente, uma conseqüente otimização da respiração e melhora da qualidade de vida, além de prevenir futuros problemas corporais diversos.
Cito aqui uma frase que considero de profunda beleza e significado, que escutei de Márcia Santiago, amiga e educadora da Physio Pilates, e que revela a importância deste tema: “A respiração é o nosso primeiro e último ato de vida”.

Alice Becker- Presidente da Physio Pilates Educação

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