Quem já
experimentou parar de fumar pode comprovar: é preciso enfrentar momentos de ansiedade
e irritação, o medo de ganhar peso e, principalmente, manter em alta a
motivação para não sucumbir às recaídas. Nós temos um remédio para combater
tudo isso e largar o cigarro de vez: o exercício físico
Não é de hoje que
a atividade física é considerada por especialistas um aliado importante contra
o cigarro. “Quem pratica atividade
física fuma menos ao longo do dia em comparação com um sedentário. As sensações
de bem-estar das endorfinas liberadas durante o exercício, e a vontade de se
cuidar são aspectos que influenciam nessa redução e numa possível interrupção
do tabagismo”, diz a presidente da Sociedade Mineira de Cardiologia,
Andréia Assis Vale. Entenda a seguir como o exercício pode ajudar quem fuma.
Na redução de riscos
No corpo humano,
o cigarro e o exercício travam uma queda de braço. O tabaco é responsável pela
elevação da pressão sanguínea, pela diminuição da oxigenação nas células e por
inflamações nos alvéolos pulmonares — que estimulam a formação de muco e
secreções e limitam a capacidade respiratória. O exercício age de forma
contrária: ao abrir as vias aéreas e aumentar a ventilação do corpo, ele
estimula a oxigenação, diminui a pressão sanguínea e favorece a eliminação das
secreções – sim, o fumante vai cuspir mais enquanto corre.
"Além do fortalecimento do sistema respiratório,
fazer a atividade física diminui o teor de monóxido de carbono no
organismo", diz a cardiologista
Jaqueline Scholz Issa, diretora do Programa Ambulatorial de Tratamento do
Tabagismo do Instituto do Coração (Incor). "Durante o exercício, a
nicotina também é metabolizada mais rapidamente, diminuindo sua concentração, o
que explica por que muitas pessoas sentem a fissura de acender o cigarro logo
depois", afirma.
Uma boa notícia é
que, se você fuma e mantiver o exercício com a mesma regularidade com que dá as
suas baforadas, a atividade física levará a melhor nessa briga, reduzindo
significativamente o risco de doenças causadas pelo tabaco e tornando-o, se é
que é possível dizer isso, um "fumante mais saudável".
Segundo uma
pesquisa realizada pelo Instituto Municipal de Investigação Médica de
Barcelona, na Espanha, que acompanhou 6790 fumantes por 11 anos, uma quantidade
de moderada a alta de atividade física está associada a um menor declínio da
função pulmonar, reduzindo em 21% o risco de desenvolvimento de DPOC – doença
pulmonar obstrutiva crônica, responsável pela insuficiência respiratória.
As universidades
americanas de Minnesota e Pensilvânia publicaram estudos que mostram que a
atividade física reduz em 35% o risco de câncer de pulmão em comparação com
fumantes sedentários. Uma das explicações é que a melhora da função pulmonar
diminui a concentração de substâncias carcinogênicas. Nenhuma melhora, no
entanto, é tão acentuada como quando o cigarro é abandonado. Veja ao lado como
o corpo reage a partir do instante em que você decide largar o vício.
Na força de vontade
Querer de fato
parar de fumar é a primeira condição (e a mais importante) para ter sucesso na
empreitada, segundo os especialistas. "Não adianta a pressão de amigos e
familiares. A pessoa deve ter consciência da necessidade e vontade de
parar", afirma a psicóloga Silvia Cury.
O exercício,
pelas transformações físicas e fisiológicas que promove, ampliando o fôlego e a
resistência muscular e aeróbica e reforçando a auto-estima, pode ajudar nessa
percepção de que é preciso parar. O diretor técnico da
assessoria esportiva paulistana MPR, Marcos Paulo Reis, aconselha: "Procure o exercício com o intuito de
se sentir melhor, mais saudável, sem tanto compromisso inicialmente com o parar
de fumar, para controlar a expectativa e não se frustrar em caso de uma
recaída", afirma.