As células acumulam
resíduos do desgaste da vida cotidiana e os exercícios físicos tem a capacidade
de acelerar a remoção desses resíduos e reciclam os componentes aproveitáveis
das células do corpo. Ao destacar os benefícios da atividade física, poucos de
nós incluiriam a "faxina" intracelular. Contudo, um novo estudo
sugere que a capacidade dos exercícios físicos de acelerar a remoção de
resíduos e reciclagem dos componentes aproveitáveis das células do corpo pode
ser um de seus efeitos mais importantes, ainda que o menos visível.
Sabe-se, há muito tempo, que as células acumulam resíduos do desgaste da vida cotidiana. Dentro da célula há uma espécie de amontoado de dejetos formado de proteínas quebradas, fragmentos de membranas celulares, bactérias ou vírus invasores e componentes celulares gastos ou decompostos.
Na maioria das vezes, as células eliminam esses dejetos. Elas até os reciclam para obter energia. Através do processo de autofagia, ou autodigestão, as células criam membranas especializadas que ingerem os dejetos presentes no citoplasma e os levam para uma região da célula denominada lisossomo, onde os resíduos são quebrados e queimados para obtenção de energia.
Sem
esse sistema eficaz, as células poderiam ficar sufocadas e não funcionar bem ou
morrer. Nos últimos anos, alguns cientistas começaram a suspeitar que
mecanismos de autofagia falhos contribuíssem para o desenvolvimento de diversas
doenças, incluindo diabetes, distrofia muscular, mal de Alzheimer e câncer.
Acredita-se que a desaceleração da autofagia na meia-idade também exerça um
papel no envelhecimento.
Autofagia
A maioria dos pesquisadores acredita que o desenvolvimento do processo foi uma reação ao estresse da inanição: a célula passaria a reunir e consumir partes supérfluas de si própria para manter vivas as partes importantes. Em placas de Petri, a taxa de autofagia aumenta quando as células estão famintas ou são colocadas sob outra forma de estresse fisiológico.
A maioria dos pesquisadores acredita que o desenvolvimento do processo foi uma reação ao estresse da inanição: a célula passaria a reunir e consumir partes supérfluas de si própria para manter vivas as partes importantes. Em placas de Petri, a taxa de autofagia aumenta quando as células estão famintas ou são colocadas sob outra forma de estresse fisiológico.
O
exercício físico certamente consiste em um estresse fisiológico. Contudo, até
recentemente, poucos pesquisadores haviam indagado se o exercício físico
poderia de alguma forma afetar a taxa de autofagia e, caso afetasse, se isso
seria importante para o corpo de modo geral.
"A
autofagia afeta o metabolismo e possui benefícios abrangentes para o corpo
relacionados à saúde", afirmou Beth Levine, pesquisadora do Instituto
Médico Howard Hughes no Centro Médico do Sudoeste. "Parecia haver
consideráveis elementos em comum." Porém, não estava claro como os dois
interagiram, acrescentou Levine.
Assim,
ela e seus colegas colocaram em ação camundongos de laboratório. Os animais
haviam passado por um tratamento para que as membranas envolvidas na autofagia
brilhassem, revelando-se. Após 30 minutos apenas, os cientistas descobriram que
os camundongos tinham uma quantidade significativamente maior de membranas nas
células do corpo todo, o que indicava uma autofagia acelerada. Contudo, essa
descoberta não explicava o significado do aumento da limpeza celular para o
bem-estar dos camundongos. Por isso, os pesquisadores desenvolveram uma
linhagem de camundongos cujos níveis de autofagia permaneciam constantes mesmo
se eles estivessem famintos ou vigorosamente exercitados.
Em
seguida, os pesquisadores fizeram com que esses camundongos corressem lado a
lado com um grupo de controle de camundongos normais. Os camundongos
resistentes à autofagia ficaram exaustos rapidamente. Seus músculos pareciam
incapazes de retirar açúcar do sangue como faziam os camundongos normais.
Importância de manter-se
ativo
A
maior surpresa ocorreu quando Levine empanturrou os dois grupos, durante várias
semanas, com ração com alto teor de gordura, até que desenvolvessem um tipo de
diabetes de roedores. A corrida reverteu posteriormente a condição de saúde dos
camundongos normais, mesmo enquanto continuavam recebendo a dieta rica em
gordura. Contudo, após correrem durante semanas, os camundongos resistentes à
autofagia permaneceram diabéticos. Os níveis de colesterol deles também estavam
mais altos que os dos outros camundongos. O exercício físico não os tornou mais
saudáveis.
Levine e seus colegas concluíram que o aumento da autofagia, induzido pelos exercícios físicos, parece ser uma etapa decisiva na melhora das condições de saúde.
A descoberta é "muito empolgante", afirmou Zhen Yan, do Centro de Pesquisas Musculoesqueléticas da Universidade da Virgínia, que também estuda autofagia e exercícios. Segundo Yan, o estudo "aprimora a nossa compreensão das razões do impacto salutar dos exercícios sobre a saúde".
Os resultados obtidos por Levine têm implicações amplas. Por exemplo, os indivíduos que não reagem aos exercícios aeróbicos com o mesmo vigor que seus companheiros de treino podem ter sistemas de autofagia instáveis ou inadequados.
"É muito difícil estudar a autofagia nos seres humanos", afirmou Levine. Entretanto, medicamentos intensificadores de autofagia ou exercícios especializados algum dia talvez ajudem as pessoas a obterem total proveito dos exercícios físicos.
Levine e seus colegas concluíram que o aumento da autofagia, induzido pelos exercícios físicos, parece ser uma etapa decisiva na melhora das condições de saúde.
A descoberta é "muito empolgante", afirmou Zhen Yan, do Centro de Pesquisas Musculoesqueléticas da Universidade da Virgínia, que também estuda autofagia e exercícios. Segundo Yan, o estudo "aprimora a nossa compreensão das razões do impacto salutar dos exercícios sobre a saúde".
Os resultados obtidos por Levine têm implicações amplas. Por exemplo, os indivíduos que não reagem aos exercícios aeróbicos com o mesmo vigor que seus companheiros de treino podem ter sistemas de autofagia instáveis ou inadequados.
"É muito difícil estudar a autofagia nos seres humanos", afirmou Levine. Entretanto, medicamentos intensificadores de autofagia ou exercícios especializados algum dia talvez ajudem as pessoas a obterem total proveito dos exercícios físicos.
Até
lá, esse estudo salienta mais uma vez a importância de permanecer ativo. Tanto
o grupo de controle quanto o grupo geneticamente modificado tinham "níveis
antecedentes normais de autofagia" durante as circunstâncias diárias,
observou Levine. Contudo, esse nível de base de "limpeza" celular não
foi suficiente para protegê-los em face de uma dieta insatisfatória.
"Eu nunca pratiquei exercícios físicos de forma persistente", afirmou Levine. Recentemente, porém, após ter testemunhado a contribuição dos exercícios na "limpeza" das células dos camundongos corredores, a cientista adquiriu uma esteira mecânica.
Fonte: Portal Educação Física
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